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Na artista que respeita a gravidade da física o mais fundamental é seu peso. Suas criações exercem uma força na planície da história da arte, capaz de fixar todo seu peso. 

A teoria da gravidade, como o próprio nome sugere, refere ao peso do ser que tende a maternidade, da qual Tilde Santtos se baseia principalmente nas descobertas da Psicologia. Mas a obra ganha independência das teorias freudianas quando o corpo é caracterizado enquanto esguio. Assim como na teoria da relatividade, o espaço e tempo são curvos, o corpo é modelado de uma leveza que sustenta o peso da consciência para se relacionar. 

A coluna do boneco é o que transforma a obra em uma arte maior, em harmonia as novas ideias da física quântico-relativísticas, também de uma evolução da psicanálise descrita de forma artística. A coluna tanto tende ao chão como também pode se inclinar para trás e dar os movimentos que liga sua extensão, com toda sua unidade. 

A artista da início a um novo caminho para a história da arte, através de fundamentais acréscimos a vanguarda do surrealismo, um maduro trabalho que traz significados de abrangência a várias correntes contemporâneas da ciência. A inconsciência não é vista como uma pré-consciência. Consciência e a inconsciência são facetas da manifestação do ser que deseja experimentar o mundo. 

Chama atenção nesse inaugural caminho, à amostra dos materiais de produção expostos em galeria: um boneco inacabado, arame, massa e esboço de pintura, apontando a ideia da construção do individuo vivente de mundo. Que na sua complexidade de sentir, tanto a intimidade e a sociedade, constrói sua identidade existencial. 

As grafias não concluídas têm uma intenção de cidadania, de escancarar como se produz a alma do objeto artístico. Quando os visitantes perguntavam a artista, que material foi utilizado? A resposta foi direta: biscuit, um material muito surpreendente para o público, que espera um “mega discurso” de produção da obra. O material usado é revelador, pois ressalta uma textura muito semelhante à realidade do homem. 

A artista é também uma mulher política quando rejeita o sofisma da linguagem erudita e dialoga com o vulgo, profundamente e sem dominações acadêmicas. É também performista a todo tempo que interage de modo igualitário. 


Assumindo as Unidades, não existe uma balança reguladora do pesado a sua leveza de percepção, da intimidade ao corpo social, que ambos são personalidades apresentadas. Sua complexidade esta em como lhe dar com essas duas forças psicofísicas. O principio equilibrador é o da igualdade de oportunidade, essa é a derradeira proposta de Tilde Santtos: muitos em um só.


Darlon Silva,
Poeta.



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Fotografias de Raquel Vasconcelos