Créditos: Rosa Bunchaft
Em “Love Me Tender” Rosa Bunchaft parece restituir algo perdido na fotografia em época em que a tecnologia digital toma dimensões imensuráveis. As fotografias de Bunchaft revelam ao homem contemporâneo a mesma estranheza e encanto de quando Niépce capturou a imagem nos primeiros experimentos fotográficos.

Trancada em um quarto escuro com uma única entrada de luz, Rosa Bunchaft captura imagens da cidade por um pequeno ponto de sua janela. Afinal, o que é uma cidade? Estas construções onde pessoas habitam? Um conjunto de imagens construídas? Ou a ruína dos edifícios que a artista dispõe na galeria?

A imagem refletida na silhueta da artista é – também – a cidade. Ela aparece sobre o fundo negro obedecendo aos princípios da câmera escura. E é por este papel sensível à luz, que a imagem do espaço urbano é revelada.

Conta a artista, em uma visita guiada, que um grupo de crianças indaga sobre a silhueta da mulher estática na imagem. Responde a outra; <Ela já não está mais lá>.

Até quando o <aqui e agora> será desafiado pela fotografia? O que Rosa Bunchaft constrói em sua desmontagem?


Canta Elvis; Love me tender… Never let me go.

de Rosa Bunchaft

Juca Lordelo,
EM Cultural.