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"Minha obra é sempre o todo e sempre partes do todo". 
 Jaiton Santóz 

"O movimento nas obras é como um relógio que marca o tempo, mas não diz quando este tempo começou e quando irá terminar". 
Jaiton Santóz 


Um manto de corpos amontoados que exibem a sensualidade do corpo feminino, nos fragmentos das imagens da obra de Jaiton Santóz, forma uma cópula da matéria e do movimento em seu metrificado espaço. Jaiton trata precisamente do que é móvel na estética.

Por meio de cada superfície dos variados corpos particulares se conduz a uma nova e única pele, como se a composição da pele inteira abrigasse inúmeros corpos. Uma proporção que quando se movimenta pelo querer dos corpos juntos, sujeita ao proveito de seu todo.

O mar que se torna singularizado em uma onda, é o seu todo e as partes do seu todo. Os corpos singularizados em curvas, se tornam aleatórios pelo contínuo de todas ondulações. Somente pela abstração do movimento é possível uma onda ser uma onda e também parte do mar.

Um objeto não pode ser matematizado cabalmente em um movimento linear, respeitando início, meio e fim sem cair no erro. Se pensarmos o paradoxo de Zenão de Eléia, a flecha não chegará a seu alvo, isso porque não devemos pensar o movimento partilhado.

O movimento deve ser entendido na obra de Jaiton como adequação da sensação com o corpo. Só há movimento porque desejamos algo. Se eu, por exemplo, desejo um copo de água, tenho que me deslocar até a cozinha para beber. O corpo feminino e o desejo são o mesmo, porque todo desejo nos remete ao laço primordial com a mulher.

Porque Jaiton dissertou o movimento como uma força estimuladora, permitiu uma grandeza temática ao seu trabalho. Possibilitou desenvolver outras questões relevantes, como amalgamar as questões de etnia e gênero, a questão do estímulo em sua origem filológica (enquanto movimento de fato), como de autoestima aos subjugados e superação da superestima da ideologia colonizadora de corpos.

Darlon Silva,

poeta.