Performance apresentada na abertura da exposição

As contorções do seu corpo, a roupa com o tom da sua pele, as formas arredondadas, a pintura triangular do seu rosto e o gozo. Quando Jaiton Santóz expressou a performance que culminou no gozo oral, os visitantes se deslumbraram com o significado do que toda a exposição apontava. O gozo oral além de ser o clímax da exposição, provocou uma atualização da grandiosidade do que a estética do feminino tratava, em uma espécie de síntese do sexo, corpo e liberdade.

O corpo se confrontou com o dois-em-um, com a sua dialética, pois o plural é a essência indissociável do sexo. O plural é a essência do feminino, que é a lei erótica da terra. Note também nas pinturas, que os corpos femininos são múltiplos ou vêm acompanhados de uma imagem dupla, dois pares de pernas, de bundas e de seios em um mesmo desenho. Só o feminino poderia provocar um gozo que pudesse ser jorrado, como a planta que precisa da terra para brotar.

Jailton Santóz desenvolveu o feminino nas telas com o corpo da mulher, enfatizando o múltiplo das suas formas e dando movimento a matéria. Na multiplicidade de corpos nas imagens, forma a cópula do dois-em-um, daí, se abstrai a ideia de que na livre busca do sexo, a mulher se apossa de uma orgia consigo mesma, na tentativa de fazer companhia a si. O sêmen só é fecundo no envoltório da presença total do corpo da mulher.

A utilização do preto e branco já tem uma função dialética bem definida. Trata da dualidade existencial do eu consigo mesmo, que é a favor e oposto a si. O preto e branco é a contradição que se revela em um mesmo corpo, a claridade e a escuridão da busca da liberdade orgástica, a consciência e a inconsciência dos atos sexuais, etc.

As formas onduladas permitiram a reunião dos corpos. Uma figura composta em partes distintas e em todo uniforme, é o todo e as partes simultaneamente, como se pensa a ideia de um cavalo alado sem problemas em uma intelecção. As mulheres se adicionam umas as outras e formam outras configurações.

Até mesmo os aperitivos da vernissage haviam um sentido elaborado na estética do feminino. Os sequilhos tinham formas de vaginas, nádegas e seios. A digestão dos signos femininos pelos visitantes, dialoga subjetivamente com a ejaculação pela boca na performance. O gozo oral representa a libertação do fálico aprisionador através de um intenso prazer para a mulher.


Darlon Silva,
Poeta.

+ fotos em: http://goo.gl/ogPnJP