Obras de Luana Vellame expostas no "Tanta Mansidão" - Bahvna Espaço Cultural

A mulher com seus vários amuletos e marcas de uma iniciada dos mistérios lunares se mantém com olhos sempre fechados, mas por quê? Trata-se de uma mulher possuída pela luz noturna, que se abrissem os olhos faiscaria com tanta iluminação, capaz de cegar quem a olhasse? Tudo indica que só com a habilidade do veado de visão noturna poderia assim olhar sem medo, encarar.

Na escuridão da noite só encara aquele que se habituar a nascer, florescer, morrer e renascer como a Lua, ou seja, aquele que está sempre em transição a alguma coisa. A mulher para ficar cheia novamente, precisou voltar a andar de quatro patas, regredir a sua espécie animal. A mulher e o veado são o mesmo em fases diferentes.

Menina, mãe e anciã, assim os Celtas definiram a Lua. Ela engatinha quando menina, fecunda em lua cheia e é sábia na velhice. Tal como se comporta uma mulher que menstrua, tatuagem indissociável no corpo da mulher, a lua segue o ciclo de nova, cheia e minguante. A chave pendurada no pescoço, todos os amuletos, é a possibilidade de abertura do ressurgir constante da mulher.


A mulher é alegre e triste ao mesmo instante, porque tem que conviver com o nascer e o morrer a cada tempo. As tatuagens guardam o código da transição, como o código genético presente em um grão, que mesmo sendo algo morto não se esquece de renascer em uma porção de terra. Um galho no pé, triângulos e luas.

Darlon Silva,
Poeta