Não é de hoje que parece que se instaurou nas artes um sentimento de vazio e conformismo com o esgotamento da ideia revolucionária proposta pelas vanguardas históricas – tudo já foi desvelado, dito, não dito, renegado…
Quando ingressamos na Escola de Belas Artes, esse sentimento de desilusão com o mundo das artes tornava-se crescente entre os alunos, com pouco apoio, pouca informação… Cada vez mais estudar e produzir artes parecia uma missão inválida, já concluída há tempo. Este pequeno problema quanto à produção ainda pareceu menor quando descobrimos o grande monstro do financiamento das artes, e todo o sistema que cobria a produção contemporânea.
As pequenas exposições que aconteciam ali mesmo na galeria da academia (contudo, sempre com “grandes nomes estrangeiros” – lembro-me de poucos estudantes que conseguiam uma parede para expor, além dos grafites no muro do fundo) indicavam ainda mais uma arte sem compromisso, incorporadas ao objetivo mercantil que move essas galerias (e é complicado demais para entender), denunciando as obras de artes como meras mercadorias, onde o valor era equivalente ao preço (ou ao sobrenome).
Entre pequenos encontros após essas visitas as exposições, em aulas, em festas universitárias… começou a forma-se ali um pequeno grupo que estavam ligados por algo em comum; a difícil tarefa de viver de arte – e como e porque. Logo, o grupo foi tomando consciência das suas discussões, promovendo suas inquietações e chegando à resultados em comum.
Foi em uma sala de aula liberada pela direção da academia (após longos esforços, conseguimos uma sala, com uma estrutura razoável, mas que de tudo, era onde marcávamos nossos encontros entre os horários vagos) que começaram os primeiros esboços do Expressão e Movimento, em suma, com o seguinte objetivo: «Promover a integração das artes e suas diferentes manifestações, difundindo o pensamento artístico cultural mais consciente no meio acadêmico.»
À primeira vista, as nossas ideias pareciam utópicas. Apenas à primeira vista.
Quem acompanha o projeto, sabe quantas portas já foram fechadas, quantas vezes o projeto já foi difamado por uma pequena parcela que tentavam boicotar por interesses próprios, quantas vezes nossos próprios colegas viraram os rostos, quantas vezes ouvimos o “isso não vai à lugar algum”. Mas era esse meio mesmo que tentávamos mudar – era por tais comentários e ações que decidimos iniciar o EM, e não paramos. De lá até cá, o projeto tornou-se mais consistente e consciente de seu objetivo.
Algumas missões já concretizadas, outras que estão por vir. O Expressão e Movimento continua seguindo, fazendo jus ao nome que batizou então essa iniciativa.
A proposta do blog é justamente integrar as iniciativas do EM ao ambiente virtual, compartilhando ideias, discutindo sobre arte, realizando pequenas mostras… Uma espécie de circuito artístico para interessados e produtores de artes.
Juca Lordello.