BETTMANN / CORBIS


1.       Yoko
Yoko Ono é uma artista japonesa, muito conhecida por seus trabalhos conceituais, musicais, plásticos e constantemente pelo seu casamento com John Lennon, integrante do grupo The Beatles, consagrado com o maior da história musical. As obras de Yoko são marcadas entre uma introspecção poética e um sarcasmo provocativo, tornando um exemplo recorrente da arte conceitual.
Yoko tornou-se uma figura polêmica no Japão e no mundo das artes com os seus trabalhos, e também no envolvimento com John Lennon. Ela é acusada por muitos fãs de The Beatles como causadora da separação da banda. Existe uma constante contradição com a figura de Yoko Ono, a artista conceitual, a mulher de John Lennon, a causadora da separação dos Beatles, envolvida por sua figura oriental. John Lennon disse uma vez que «Yoko é a artista desconhecida mais famosa do mundo».
Yoko Ono nasceu em Tóquio, em 18 de fevereiro de 1933. Filha de pais ricos e eruditos, Yoko estudou na infância em uma das melhores escolas japonesas, a Gakushin. Por vontade do pai, Yoko estudou piano clássico e canto, mas ela sempre demonstrou interesse em jazz, nas óperas de Alban Berg, além de sua vontade em compor, mas, para seu pai, mulheres não podiam criar nenhum trabalho, apenas serem intérpretes.
No período da Segunda Guerra Mundial, a família de Yoko deslocou-se constantemente entre o Japão e os Estados Unidos, mudando-se definitivamente para Nova Iorque em 1952. Assim, Yoko passou a frequentar a faculdade de música Sarah Lawrence, onde mais tarde, por sugestão de alguns professores, veio a manter uma relação de mestre e discípula com importantes músicos de vanguarda que seriam importantes nomes para o surgimento do grupo Fluxus, entre eles, John Cage.
Cage é considerado, assim como Marcel Duchamp, um dos artistas mais revolucionários do século 20. Na década de 1950, junto ao bailarino e coreógrafo Mercy cunningham, idealizou a Black Mountain College, uma escola com uma nova proposta do pensamento artístico, que pretendia uma nova relação entre o aluno e professor, se contrapondo a relação hierárquica das escolas clássicas. Dos integrantes desta escola, surgiu o grupo Fluxus, considerado por muitos historiadores um dos mais importantes e de influência dos últimos anos.
A proposta do Fluxus aproximava muito dos ideais sugeridos pelo Movimento Dada e pelo Construtivismo russo. Entre os membros do Fluxus, o idealizador do grupo era o melhor amigo de Yoko, Geoge Maciunas. O grupo era formado por inúmeros artistas dos mais diferentes tipos, áreas e procedências. Esses anos, na década de 1960, foram o tempo de experimentação de Yoko Ono, levando ao limite as consequências da expressão artística livre.
Nesta época, as obras de Yoko apresentam como pioneiras da arte conceitual e, por vezes, obteve uma má repercussão na crítica. Entre seus trabalhos artísticos, a performance Cut Pieces, é sempre relembrada. Nesta performance, a artista permanecia sentada e os espectadores eram convidados a cortar a roupa de Yoko com tesouras, até ela ficar nua.

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2.       Yoko e John
Em 1966, com a repercussão de suas obras, Yoko é convidada para uma exposição individual, onde John Lennon conhece uma de suas obras e fica encantado. Dias depois, eles se encontraram em uma exposição de Claus Oldenberg. Impressionado, ele financiou a próxima instalação dela, intitulada Half-A-Room, onde Yoko falava da separação do seu ex-marido, Anthony Cox, utilizando de um quarto todo branco, com os móveis brancos, cortado ao meio. Esta sensação de “estar pela metade”, em que Yoko diz ter inspirado para sua produção, em pouco tempo é preenchida por seu novo conhecido, Lennon.  Assim, começou o casal John e Yoko, que durou até a morte de John Lennon.
Lennon já demostrava ser o beatle mais inquieto e extrovertido, a sua figura já havia tornado mundialmente popular como membro da banda aclamada pelo grande público. Em 1969 eles se casam, e chegam a ter um filho em 1975. Com o casamento e a separação do grupo The Beatles, juntos, John e Yoko começam a produzir e experimentar diversas formas artísticas vanguardistas. Produziram músicas, instalações, filmes experimentais e perfomances, entre as quais, Bed-Peace, e o seu polémico disco experimental Unfinised Music Nº 1: Two Virgins, em que apresentava uma foto nua do casal.

3.       John Lennon
John Lennon, talvez, seja uma artista que não precise de muita apresentação. Notário líder dos Beatles, Lennon já chegou a declarar que sua banda era mais famosa que Jesus Cristo. Entre os principais artistas do século XX, seu nome é sempre relembrado, tornando-se um dos maiores ícones das últimas décadas.
Ao passo, que ainda em vida, John Lennon transformava-se em um grande astro, ele utilizava do seu sucesso para outros fins. Ativista , John Lennon participou de algumas manifestações a favor da paz.

4.       In Bed .
Aproveitando o seu casamento (1969) e o forte interesse da mídia, o casal convidou um grupo de jornalistas para uma entrevista no quarto do hotel, que haviam reservados para a lua de mel. Se após o choque do álbum Two Virgins, a imprensa esperava qualquer ação irreverente do casal, foram surpreendidos por ambos no quarto 702 do Hotel Hilton, em Amsterdam,  vestidos de branco, com o quarto repleto de flores e dois cartazes escritos “Hair Peace” e “Bed Peace”. A Guerra do Vietnã estava no auge. Yoko e John utilizaram uma forma pacífica de protesto, inspirado pelo sit-in. Se por um lado, um casal deitado na sua cama não pode mudar o mundo (mesmo sendo Yoko e John), John explicou que Bed-In era uma forma de, ao menos, mudar o noticiário de “guerra” nos jornais.  Com troca de afetos e muito serenos, o casal pedia paz. Em 25 de março de 1969, manchetes mundiais publicaram a notícia de John e Yoko na cama.
Mas se por um lado, a figura de John e Yoko eram por si já duas figuras fortes, em uma segunda conferência de imprensa, o casal atingiu direto à mídia. Enrolados em um saco branco, John e Yoko deram entrevistas sem saírem debaixo deste saco, para incômodo dos jornalistas que imploravam por uma imagem do casal. A essa performance, Yoko e John utilizaram o termo «bagism», em que consistia em diminuir um dos maiores poder da mídia, o da valorização da «imagem», satirizando o preconceito e a formação de padrões criadas pela sociedade. Em entrevista para a televisão, John explica melhor o «bagism», exemplificado como acontece o racismo em busca de empregos. Dentro do saco, não importa a etnia, idade, sexo, roupa… O casal pedia uma visão interior do ser, que segundo Yoko, tinha se inspirado no livro do Pequeno Príncipe. O «essencial» do casal, embaixo de um saco branco, estava em seu discurso – a mídia deveria estar atenta ao que eles queriam dizer, e não as duas grandes figuras populares. Essa desvalorização da imagem acaba por valorizar o conceito. John e Yoko pediam paz.
Meses depois, John e Yoko fizeram mais um Bed-In onde gravaram “Give Peace a Chance”. No mesmo ano em Washignton, a música virou um hino na voz de meio milhão de pessoa contra a Guerra do Vietnã.