Que o mundo está doente não é dizer nada que ninguém já saiba. Mas que tipo de doença é essa que o homem vem definhando cada vez mais? É causada por quê? Tem cura? Que arte trata disso e como funciona o tratamento?

A doença é grave, o mundo perece de loucura, troca o real pelo fantasioso doentio. Vivemos a geração dos fakes, uma busca desesperada para não sermos nós mesmos, no entanto com uma identidade forjada. Na geração fakebook os valores são insanos; rasgar dinheiro, comer cocô, é pouco, é nada demais. E não se esquecer de publicar e dar uma curtida nisso.

A pandemia de elogio aos valores banais é causada por um vírus pouco estudado, é o mesmo ou ainda mais forte, do qual entorpeceu as pessoas a trocarem o artesanato pela indústria dos moldes. Esse vírus é extremamente perigoso, provoca a não distinção do real com o virtual, com o virtuoso (dá curtida, mas nunca desaprova).

A grande descoberta da medicina virótica, é implantar o próprio vírus em porções menores nas pessoas, assim elas saberão que estão infectadas e tratarão da moléstia. E o da psiquiatria é o hospício, é ajustar os loucos com porções maiores de mais loucos.

O excesso ou a falta de insanidade, ou tudo junto, não sabemos se é massa ou se é doce, só pudemos dizer que é débil, sem nenhum juízo de valor. O mundo sempre foi neurótico, e é a nossa preposição[1] combater o nosso ponto, inaugurar algo novo, mais lúcido. A natureza está aí, ela sempre nos deu a cura e a razão.

Darlon Silva,
poeta.


[1] Preposição é estar posicionado em algum ponto, e ao mesmo tempo dar um passo atrás de um ponto, andar reto-cambaleante. Preposição é se permitir infectar com o vírus, ser livre, mesmo que não seja para a saúde, delirar para poder pensar.

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