A. Hitchcock. Psycho (frame), 1960. (filme). 109 min. p&b. 35 mm. |
As imagens da capa do nosso grupo no facebook nessas últimas cinco semanas,
atualizada quase sempre aos domingos, tiveram como tema a representação do
grito e seus diferentes signficados ao longo da história das artes.
A temática finaliza hoje com o famoso frame do filme “Psycho” (1960), de Hitchcock. A escolha pelo tema foi muito mais conceitual do que programada, já que o grito é sempre interpretado como uma forma de máxima expressão, um momento extremo – daí estabelecida à relação com o nome do projeto.
A galeria foi inaugurada com a radicalização estética do grito e a representação da dor presente na obra do artista Francis Bacon (imagem qual utilizamos na descrição do blog aqui ao lado), e, sem seguir uma linha cronológica, englobou os diferentes tipos de artes e períodos artísticos, desde a escultura “Le cri” (1886) de Rodin ao célebre “O Grito” (1937) de Munch.
Sobretudo, as variações representativas do grito foram ao longo do tempo
associadas à dor e ao feio, veínculada ao grotesco nas artes, seja pela falta
de harmonia estética tradicional causada por este estado, e, além disto,
seguindo um pensamento filosófico clássico, o grito está longe do homem sensato
platônico, afastando-se, assim, do bom
e, consequentemente, do belo. Mas,
como é sabido, desde o Romantismo, a arte deixa de ser representativa e passa
ao apresentativo - expressão. O grito desempenha em toda história uma expressão
extrema dos diversos sentimentos; espanto, medo, dor, desespero, mas também,
vitória, esperança, alegria – causando no espectador a catarse, o que pressupõe
uma apreciação intelectual e cognitiva.
A (re/a)presentação do grito é, desta forma, uma expressão dupla das artes
– uma voz ecoando paralelamente sobre uma outra.
P. Picasso. Guernica (detalhe), 1937. Óleo sobre tela. |