Na história da arte e do pensamento o tema mulher
é o fruto proibido que alimenta a criação, mas também é a flor e seu aroma
angelical, o tronco como recurso capitalista, as raízes metafisicas do não-ser,
todas elas tão estáticas quanto um árvore que só faz crescer desde Parmênides e
ser podada ligeiramente por Carlos Lineu, carecida de movimentação pedestre.
A mulher enquanto negativa do homem é destinada
ao ambiente interno, a ver o mundo pela janela quadricular, jogar suas tranças
e pagar o dote do mundo. Pintada em cores frias, já que a iluminação refragida da
Verdade Absoluta são as matizes que saem da fogueira.
Desde a separação da androgenia, a oração é exclusividade
do divino, a mulher ora, conversa com Deus, pois falar com o sagrado é íntimo e
necessita silêncio da casa, nos bares frequentam bêbados gritantes. A parte incumbida
ao homem foi a ação, compete ser o ativo na política e por isso ser cidadão ateniense.
A oração então é apenas na hora do gozo, quando masculino e feminino se unem, no
rápido momento divino.
Foi inicialmente com a especificidade da biologia
que a mulher deixa de ser esotérica transcendente, a vagina não é um pênis para dentro, e
essa foi a descoberta da modernidade que desafia Platão. Ser delicada não quer
dizer não ser bruto, por mais contraditórios que homem e mulher pareçam, não
são opostos dentro desse novo conceito.
A porta pode estar aberta, mas a mulher ainda não
saiu de casa, o ambiente é ainda doméstico, mas já escuta o barulho das
motocicletas, as mulheres bebendo a veritas enclausuradas na fotografia de
Hannah Starkey.
Darlon Santos da Silva
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