Performance de Roberta Nascimento. Foto: Tilde Santtos
Das tripas, coração; latentemente significa “se entregar” ou “dar o máximo de si”. Esta expressão tem um valor de autenticidade quando se dá título a performance de Roberta Nascimento. Pois o batismo a esse texto corporal segue rigorosamente o sentido amplo dessa expressão.

O sentido simbólico da frase indica a dois órgãos com distintas funções fisiológicas. As tripas que se incube do sistema digestivo se contrapõe ao coração que alimenta, com o sangue, sua anatomia. Como fazer do um ao outro? Roberta tenta explicar.

As tripas têm a função de secretar o desaproveitado, enquanto o sangue percorre a veia e artérias naturalmente. Um expele sólido o outro líquido. Mas se questiona a real essência, quando um objeto é retirado de uma região secretora e o sangue ganha outros caminho fora da veia.

O sangue de Jesus é vinho. Qual enigma se esconde por detrás desse ensinamento cristão? “In Vino Veritas”, o vinho traz a verdade. O sangue se comunica com todo corpo e por isso é um mensageiro da verdade das coisas que leva.

O sangue é como a pele humana, cobre todas as partes. Talvez a pele seja apenas o lado avesso do sangue. E por isso deve também ser servido como o sangue de cristo. A pele se aparenta como carne, mas na verdade é sangue, os vampiros sabem bem disso.

Fazer das tripas coração é um esforço de chefe de cozinha, transformar a adversidade do fogo em vitalidade. Não é nada mais que ofertar um banquete. Banquete no mais sentido grego da palavra, onde se reuniam pessoas para discutir os assuntos mais extraordinários, beber muito vinho e ver as mulheres dançarem.

Darlon Silva,
Poeta