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Poema de Darlon Silva / Ilustração de Juca Lordelo |
A cor surge do bater das
asas e não da luz que se fragmenta. Dizemos que quando a arara voa ali reside
um arco íris. Deus fez a arara para ter um exemplar com todas as cores. Mas ele
adoeceu de catarata, seus olhos se azularam, enxerga agora com baixa visão.
Quem sabe um dia a arara ainda
lembre ao próprio criador a diversidade das cores? Por que sabemos tão deformadamente
o que são as cores? Pensamos que exista uma cor oposta a outra, que existe um
tal branco que contém a multiplicidade em sua essência, mas que é um grave erro
pensar desta perspectiva.
Analisando essa teoria, chamada
por mim de cegueira, são ordenadas as cores em pura insanidade intelectual. Por
exemplo, se divide em cores quentes e frias, como se as quentes fossem verdades
e as frias aparências, o sol é quente, mas o mar é frio.
Quando se adentra na
tradição de cultura popular veio mais fantasia ainda na tonalidade. Azul é
masculino e rosa feminino, como se as cores possuíssem alma destinada no homem
dominador e hipertrofiada na negação. O homem não pode ser uma arara autêntica,
apenas se insistir as punições uma arara azulada.
Devemos preservar as cores,
pois elas estão extintas. Sempre foram extintas, pouco visíveis. Importante guardar,
pois a cor é como coringa. Estão em todos os corpos que correm/ nos corações a
bombear o sangue e ainda assim rara.
Darlon Silva,
Poeta.
Poeta.
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