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No palco tudo muito humilde. Nenhum
cenário exagerado e supérfluo, que distraia atenção ao essencial. Uma
iluminação muito simples, típica dos quintais do Recôncavo Baiano, onde os
mestres de saberes cultivam as fases da Lua, as fases da Família e os Rios.
Nessa simplicidade surge uma voz com
tanta alma, que quando canta é como a Iara, hipnotizando a todos. É o cântico
de uma nascente de um rio, que brota constantemente água pura. A voz de Rogério
Lima nasce do Rio Paraguaçu e deságua adoçando em nós.
Por esse rio navegam todas as
embarcações do Recôncavo. É um rio tão acolhedor que muito se parece com o colo
de uma Mãe de Santo. Abraça a todos que tenham coração e que, logo, também
tenham fé, porque a fé deita no coração de cada um e não esquece de ninguém.
Essa sensação de encantamento místico
lembra as rezas em homenagem para Santo Antônio no dia 13 de junho, onde os
devotos oram tradicionalmente em algumas casas do interior. A voz de Rogério
parece dar seguimento ao que apreendeu dos seus antepassados.
A harmonia de toda uma múltipla
ancestralidade em uma só voz, um autêntico mestiço. Salta um Caboclo cantando
as verdades de toda mistura da genealogia do cantor. Com apenas um grito,
provoca uma epifania e faz uma síntese das raízes indígenas, africanas e
europeias.
Rogério Lima é filho da Lua, filho da
poesia de todos os povos apaixonados que cultuaram o Brasil. Sua voz nasce, e
cada dia vai florescendo, cada vez vai se tornando mais bela, cada vez mais
vaidosa, até se tornar cheia e nos simples quintais do Recôncavo ouvir uma voz
e um violão tocarem.
Darlon Silva,
Poeta.
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Fotos: Rick Van Pelt e Raquel Vasconcelos
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