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Há um
grande véu que cobre a história da civilização. Por detrás desse longo vestido branco
se esconde uma temida fertilidade. O que se vê são apenas seus olhos acumulados
de tanta sensualidade, como uma mulher casta em burca.
O
símbolo do feminino é de uma Grande Mãe e por isso a Vênus possui um excessivo
seio. A Grande Mãe é tão corpulenta como a própria Terra, que alimenta todos os
seres vivos. O arquétipo da Grande Mãe está presente em diversas culturas
tribais, pois o mito é originado de um convívio em harmonia ao natural, da
natureza entendida ainda enquanto abundante.
Os ideais
científicos da tradição ocidental foram muito contrários a uma relação afetuosa
de maternidade, e viam a natureza como uma espécie de escrava. O avanço científico
provocou devastação de diversos ambientes, isso acarretou sérios problemas
ecológicos, inclusive desavenças à culturas não adotadas os valores de
superioridade do Homem à Mãe Natureza. Assim vários povos foram violentados e
exterminados por ideologias machistas.
Nas
tribos indígenas da América ainda não colonizada pelo macho branco, o sentido
da existência não correspondia a uma relação de um observador alto e centralizado,
como no cânone da teo-ontologia ocidental, mas de participantes do mesmo universo
natural, que cuidavam amorosamente. Suas pinturas genuínas são reveladoras de
uma vivência orgânica.
Diante de
uma tradição que ainda hoje apedreja a sensualidade feminina, que não considera
as etnias não-europeias, que boicota os projetos sustentáveis, eu diria que é
muita relevante a performance da Grande Bete Actis pela preservação da vida.
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Beth
Actis emocionou a todos como uma Grande Mãe, amamentou e fez crescer. Todos
naquele momento seguiram a estrada natural, que liga Minas ao Porto, ao Mar...
Ponto de areia... Ponto final.
Darlon Silva,
Poeta.
Poeta.
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Fotografia: Rick Van Pelt
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